Amor a si (II)

a mim, quase...

A última vez que foi visto
Diziam estar estranho e perdido.
Nem souberam dizer se era
Mesmo ele quem viram

Carregava uma mala cheia
De livros e uma caneta,
Atrás de uma orelha de sol
Queimada; vermelha

Sentado num alpendre
Almoçando comida dada
Por um poeta combatente
Das palavras com máscaras,
Sorria sem dentes e ensimesmado.

Descalço e com olhos serenos
Ter-se encontrado mais ameno
Ele demonstrava... Parecia
Saber tudo aquilo que nosso
Medo escondia e dava asas!

Por vezes escrevia num caderno
Alguns poemas sobre a existência.
Tirava das algibeiras do céu
Suas folhas de páginas aluadas...

A última vez que foi visto
Todos ficaram perplexos!
Ele era seu próprio estado.
Capaz de ser de si
Nação plural e solitária,
Simples se aproximava
Não ser do próprio coração,
Um apátrida!


Cristiano Siqueira




(Foto de Blake Andrews)

2 comentários:

Anônimo disse...

Lindo.... e FIM... bjo

Anônimo disse...

Os pássaros do bósque sentem tanta falta de tua poesia! Nunca estiveram tão quietos!


Te amo meu amor, te amo!