Amor além dos poemas de amor
(XVII - ai)
se eu pudesse exprimir
numa só palavra
a minha vida eu diria
assim convicto
sem mais evasivas
o verbo ai
ai de meus tombos numa infância
tantas dores ralaram os cotovelos
ai das noites mal dormidas
exame noutro dia
recuperação
ai do filho doente
eu de susto avisado
medo-morte do meu pai
ai na surra da bete
vara de macieira
pra dar gente descente
ai nas orações
não atendidas
virgem maria
ter fé eu não sabia?
ai das paixões
doridas
altares que consagrei
ai do meu bonsai
morto de sede
pela água esquecida
ai das minhas tosses
presas no receio
de incomodar
ai daquelas mãos
gélidas suadas sem jeito
com meu par de quadrilha
ai quantas dores de barriga
ira da comida
e meu medo de lançar
ai de todo meu
contentamento e alegria
por aprender a chorar
ai por toda a esperança
alento e nostalgia
que a vida dá
ai do meu ai.
ai de meu ai que gritei
ao nascer
no colo-lar de mamãe
ai pela sorte
que se me traiu
conduziu continuar
Ai!
ai do que escrevo
agora
esgotando em poesia
.
.
.
.
.
.
.
a sangria desta história
Cristiano Siqueira
(Foto de Vicente Sampaio)
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4 comentários:
Ai, sem palavras!
Grande Cristiano, como anda a vida das letras e da literatura?
Sempre passo por aqui e hj, domingo, repensei em muitos fragmentos da minha vida com este texto....
1 grande abraço,
Dé
Meus ais... são revividos pelos seus!
aidorei (:
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