Amor além dos poemas de amor
(XIV - Cartilha)


à época de aprender as horas
tia clotilde me ensinava.

ainda vejo:
doze relógios
mais alguns
sessenta medos!

eu não sabia discernir
o tanto
do tamanho
dos ponteiros...

ei! você dalí!
um nanico daqui,
este monstro de lá.
quanto dá?!


ai meu deus sumido de mim!
ai foto de jesus que não soprava
qualquer resposta errada!

ai meus cânticos de colégio de freira!
ai!
por que reter o dia
numa ampulheta de pilha!?

riam todos que julgavam
saber conjugar os tempos.

clotilde e seus modos
de mestra silvina!
a mesma cara que cora dizia!

fosse hora redondinha,
eu logo adivinhava!

agora,
fosse um quinze pra uma...
aí eu só queria voar pela sala,
fazer fuga com magia!

sei lá... ajustar...

dizer que eu tinha,
mais sem menos,

um poquim de poesia!


Cristiano Siqueira


(Imagem da obra "A Persistência da Memória"
                          de Salvador Dalí)

3 comentários:

Breve Leonardo disse...

[que viagem, dentro da memória dum tempo salvo, letra, salvo o erro da margem do rio... rio, quebra mar que dança; persistente!]

um imenso abraço

Leonardo B.

Eline disse...

Esse poema tem uma singeleza tocante!
Olhos esbugalhados perante o mundo.
E a inocência de quem quer ser...

Anônimo disse...

foda!