Amor inseparável
Ainda que não nos vejamos
E tornem-se nossos olhos opacos,
Frios por não nos termos visto,
Ainda que eu não saiba
Planar o olhar de minha asa
Sobre a aldeia onde te encontro,
Ainda que tu não me busques
Por não saber onde estás
E não ter para mim donde partir,
Ainda que as fronteiras
Tornem-se ilimitadas
E nossas casas afastadas,
Ainda que haja matrimônio
Vivamos felizes com outros
E esquecendo do que fomos,
Ainda que o sopro de tua flauta
Seja o fio da melodia
Que eu não possa segui-la,
Ainda que estejamos às margens
Da saudade como um mar
Contrário à rota que nos une,
Ainda que o ainda desse poema
Seja um grito de Adeus
Que não conseguimos suportar,
Ainda que o desengano da vida
Num instante eterno nos separe,
Não separará!
Cristiano Siqueira
(Foto de Adrian Fisk)
Um comentário:
A dor desse amor revolve as entranhas. Sublime separação.
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