Amor de tirar sono

Faz frio.
A madrugada sobre a qual
me deitei sangra meu sono.

Os ponteiros do relógio
são duas sílabas de teu nome.

Um vento assustado
vem se remexer sem nunca haver
se remexido entre o chão e a cama.
Uivos plúmbeos
remoinham folhas secas
da janela desesperançada.

Amanhece?

Faz frio.

A roxa manhã reflete a cor
dos meus olhos por de baixo.

Os ponteiros do relógio
são duas sílabas de teu nome.

Como se minha taquicardia
fosse causa letárgica
da dor que tu,
inocentemente,

me deixastes.

Cristiano Siqueira
(Foto de Marta Gonçalves)

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